Viu me atirando em facas apontadas para mim, e então ouvi sua voz, contando a cena, foi quando abri os olhos e percebi que se distanciava voltando para a estrada. E meu corpo se afastou com grande dor daquele obstáculo, e então percebi que as facas perderam as pontas. Onde estão?! Não as vi, mas senti... A solução foi esperar as cicatrizes se formarem. Então voltei para a estrada, retomei a vida e a rotina. Raros os que souberam do acidente e mais raros são os que trilham por aquele caminho. Pensei que viveria bem com as cicatrizes, e realmente vivi. Mas a gravidade é mais forte e às vezes as lâminas escorregam e não só a dor incomoda mas o sangue que derrama também. Vou drenando como posso, escondida neste cômodo que não só o teto, mas as paredes também são de vidro. Costumo construir cortinas para me sentir tranquila... me sinto melhor.
Passo vontades, todos os dias uma vontade. Um sede de liberdade. Uma sede de sair e descobrir muito mais do pouco que é possível saber sobre aquilo que o mundo abriga. Vontade de ser livre, mas perdi a chave da grade que coloquei em mim. Talvez eu a tenha guardado, por alguma crise de pânico diante das tantas portas abertas. Eu a escondi tão bem e usei uma grade tão forte e um cadeado também... tem sido complicado. Se encontrarem alguma chave perdida, me emprestem, vou testar aqui neste cadeado. Na dúvida, tenho me esforçado para arrombá-lo ou arrebentar as grades.
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